Militares nacionalistas ou liberais-conservadores: a constituição do Batalhão Suez (UNEF I) no Brasil em 1956

Autores

  • Virgílio Arraes Universidade de Brasília
  • Bruno Secretaria de Educação do Distrito Federal

DOI:

https://doi.org/10.53351/ruhm.v11i23.781

Palavras-chave:

UNEF I, Batalhão Suez, Forças Armadas do Brasil

Resumo

O artigo trata da formação do Batalhão Suez, unidade destinada a participar da missão de paz da Organização das Nações Unidas no Egito a partir de 1957. O Brasil, sob Juscelino Kubitschek, desejava fortalecer sua imagem internacionalmente. Estava em jogo o canal de Suez, administrado por décadas por empresa franco-britânica, mas nacionalizado em 1956 pelo Egito. Isso causaria forte reação à Grã-Bretanha e França, as quais com Israel combinariam a invasão do país, a fim de pressionar o retorno do controle. A administração do canal de Suez era estratégica por abranger transporte de petróleo para parte da Europa e da África. Além da questão econômica, havia a política, símbolo da postura anti-imperialista do Egito. Após a invasão, a União Soviética ameaçaria Grã-Bretanha e França, o que levaria os Estados Unidos a propor nas Nações Unidas cessar-fogo, aceito pelos envolvidos.   

Logo depois, haveria a proposta de missão de paz para a região – United Nations Emergence Force (UNEF). Na visão estadunidense, havia a preocupação de que ela pudesse servir de propaganda aos egípcios, soviéticos ou até a países neutralistas, concertados na Conferência de Bandung (1955), enquanto da perspectiva soviética havia a inquietação de que ela pudesse ser um ‘aviso’ a países contestadores do imperialismo ou uma tentativa das antigas metrópoles de influenciar ex-territórios.

Entre as duas perspectivas, o Brasil se aproximaria mais da primeira, mas sem alinhamento automático com os Estados Unidos. O objetivo de integrar a missão decorria da possibilidade de aumento do prestígio interno, haja vista a situação de tensão do país, e regional do governo. Como problema de investigação, as correntes políticas das forças armadas inclinavam-se ora pelo apoio incondicional aos Estados Unidos, ora pelo distanciamento. Assim, as forças armadas do Brasil dividiam-se em duas tendências: a nacionalista e a liberal-conservadora. A primeira identificava-se com o ideário anticolonial – autodeterminação e autonomia - ao passo que a segunda com democracia e anticomunismo – ‘mundo livre’. O trabalho busca contextualizar e, desta maneira, investigar como hipótese a ascensão da corrente liberal-conservadora em função da consolidada proximidade entre Brasil e Estados Unidos, e o cenário global e nacional no qual se inserem as duas linhas políticas militares e sua contribuição para a participação do Brasil na missão de Suez.

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Biografias do Autor

  • Virgílio Arraes, Universidade de Brasília

    Bacharel (1994), mestre (1998) e doutor (2005) em História pela Universidade de Brasília.

    Pós-doutorado (2017) em História pela Universidade de Montréal.

    Professor Associado do Departamento de História da Universidade de Brasília (2009-presente)

    Professor Substituto do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (1999-2002)

    Professor colaborador do mesmo instituto (2002-2008)

    Primeiro Secretário do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal (2020-presente)

    Professor da Escola Superior de Guerra do Ministério da Defesa (2015-2018)

    Professor do Ministério das Relações Exteriores (2008-2012)

    Coordenador do Grupo de Trabalho de História e Relações Internacionais da Associação Nacional de História (2020-presente)

  • Bruno, Secretaria de Educação do Distrito Federal

    Licenciado em História e Geografia (1999) pela União Pioneira de Integração Social, mestre em Ciência Política (2012) pelo Centro Universitário Euro-Americano e Doutor em História pela Universidade de Brasília (2019)

    Professor de História da Secretaria de Educação do Governo do Distrito Federal (2001-presente)

    Pesquisador do Instituto Cerratense Paulo Bertran (2013-presente)

    Professor da Escola de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação do Governo do Distrito Federal (2007-2013)

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Publicado

2023-02-08

Como Citar

Militares nacionalistas ou liberais-conservadores: a constituição do Batalhão Suez (UNEF I) no Brasil em 1956. (2023). Revista Universitaria De Historia Militar, 11(23), 206-228. https://doi.org/10.53351/ruhm.v11i23.781

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